Considero o tema desse mini artigo bem desafiador. No entanto, a proposta deste espaço semanal no “engenhariae.com.br”, cara leitora, caro leitor, é propor algo para refletirmos e talvez agirmos, dentro da esfera de influência de cada um de nós, pois vivemos em tempos de rápida mutação e que nos apresentam a cada dia novos desafios. E como vivi praticamente toda minha vida profissional como docente, realmente preocupo-me como os necessários avanços que são necessários no sistema escolar atual, incluindo até uma política educacional em nível de nação… Então, ouso propor algo que pode iniciar alguma mudança…
Em 1998, ocorreu um benéfico ponto de inflexão em minha carreira docente, que já estava convergindo para algumas reflexões que me questionavam a respeito da efetividade do que eu fazia com meus alunos: foi quando eu comecei minha caminhada como docente em empreendedorismo participando do seminário “Training the Trainers”, ministrado pelo Prof. Fernando Dolabela [1]. Além do muito que aprendi neste seminário, uma frase me marcou muito:
“Abrir vagas na sala de aula para a emoção, o sonho, o ego, o indefinido, o incerto: o saber como uma consequência da forma de ser”.
Frase decisiva na indicação das mudanças necessárias, não? Mas que questiona com profundidade os paradigmas do sistema atual, conteudista e mecanizado…E então, como fazer? Ouso então propor algo, originado de minha experiência como docente, leituras e estudos, erros e acertos, reflexões e consequentemente aprendizagem. Uma longa caminhada…
Sabemos que dentro do cenário geral do sistema educacional é natural que sobressaiam dois atores principais: o docente e o educando, o professor e o aluno. E é na relação entre eles que muita coisa poderia já ir mudando, no âmbito da sala de aulas, e com relativa facilidade, inclusive sem ferir de modo significativo as normas que nos advêm do rígido sistema que temos atualmente….
No caso do docente, geralmente ele se coloca no papel de quem tem a responsabilidade de fornecer informações segundo um programa predefinido, e na hora destinada à sua aula. Quanto à aula, no tempo definido, não há muita coisa a fazer; afinal, são muitos educandos a atender; o mesmo se dá em relação ao programa a cumprir, geralmente escalonado para uma boa formação.
No entanto, muitas coisas podem acontecer na relação professor/aluno, mesmo dentro de horários e programas pré-definidos. Por exemplo, o professor pode se tornar, em vez de um informador de muitos ouvintes, um formador de seus alunos, proporcionando a eles a chance de demonstrarem seus interesses maiores no programa, e nisto atendê-los. Isto se consegue dando-lhes chance de debaterem os assuntos do programa, percebendo ou inquirindo seus interesses, oferecendo-lhes desafios do conteúdo, colocando o mundo dentro da sala de aulas, assim tornando claro a eles para que serve o conteúdo a ser trabalhado. Um modesto exemplo: em um curso sobre criação de inovações, após um interessante exercício no qual um problema real trazido por um aluno foi praticamente resolvido, ele me inquiriu: “tudo bem, professor, acho que entendemos… Mas como vou convencer meu chefe a implantar esta solução?” Problema complexo, pois sabemos que uma inovação geralmente é sempre combatida; no entanto, a resposta foi “achada” através de uma série de debates com a turma, com sugestões que vieram deles e de minha experiência profissional… Perceberam? A dúvida não era sobre a inovação em si, mas sim de como implantá-la – era este o problema do aluno, e talvez da turma! É, de fato temos que descobrir os interesses deles – é isso que eles esperam de nós, educadores, além dos conhecimentos que possuímos e que podem ajudá-los em suas vidas…
Podemos continuar esta conversa na próxima semana? Até, lá, então…
Referência:
[1] Fernando Dolabela – Palestrante nacional e internacional, é autor de 12 livros, entre eles o bestseller “O segredo de Luísa”, com mais de 300 mil cópias vendidas. É membro fundador do “World Entrepreneurship Fórum”, criado na França, convidado como uma das oitenta personalidades mundiais na área de empreendedorismo. É membro fundador da “Red EmprendeSur, Emprendedorismo y Innovación en America Latina”. É criador e coordenador de um dos maiores programas de ensino de empreendedorismo do Brasil. Na área universitária, a sua metodologia “Oficina do Empreendedor “ é adotada em cerca de 400 instituições de ensino. Na Educação Básica, (educação de 4 a 17 anos) a sua metodologia “Pedagogia Empreendedora” está presente em redes públicas de ensino em 140 municípios brasileiros, envolvendo cerca de 10 mil professores e 400 mil alunos.
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