Cientistas desenvolveram um robô chamado Loopy, composto por diversos blocos, que imita um organismo multicelular. Desprovido de “cérebro” ou comando central, o Loopy depende do comportamento coletivo de suas células para interagir com o mundo, movimentar-se e, potencialmente, aprender a realizar tarefas.
Denominado de “enxame robótico” ou “enxame de um só”, o Loopy é concebido como um único robô, na teoria, criado a partir da interconexão de todas as suas células, em semelhança a organismos biológicos. A proposta é que esse dispositivo consiga adaptar sua forma ao ambiente e, eventualmente, contribuir para esforços como limpeza ambiental, ao se deslocar através de locais de difícil acesso.
Loopy, concebido como uma “forma primitiva de robô multicelular”, consiste em 36 células ligadas em um anel, cada uma equipada com um servo motor rotativo distinto. Esses motores elétricos giram hastes em ângulos controlados com precisão com base em informações dos sensores, sendo que o comportamento coletivo é fundamental para seu funcionamento.
Como funciona o robô multicelular
O funcionamento do robô multicelular é tal que cada célula opera de forma independente, recebendo dados somente das células adjacentes. Os ângulos entre as células determinam a configuração da máquina, que assume uma variedade de formas e movimentos, porém nunca aleatórios.
Um aspecto crucial do robô é sua capacidade de auto-organização, movendo-se espontaneamente para estabelecer “ordem a partir do caos”, conforme seus criadores descrevem. Não há controle direto por parte dos cientistas; o robô precisa se adaptar autonomamente para se locomover, se desvincular de obstáculos e adquirir inteligência através da experiência.
A ideia de auto-organização remonta a 1952, quando o matemático Alan Turing explorou o conceito, imaginando um círculo de células que interagiriam através de substâncias químicas, gerando padrões naturais como os das penas das aves e as curvas das conchas marinhas. Essa noção também é empregada em outros robôs, como os kilobots demonstrados no vídeo abaixo.
Loopy adota a ideia de auto-organização ao simular o uso de substâncias químicas para formar várias formas lobulares de maneira espontânea. O que o diferencia da maioria dos outros robôs é que estes são concebidos “de cima para baixo”, ou seja, projetados por humanos que antecipam problemas e planejam como o hardware deve lidar com eles.
No entanto, a grande diferença com Loopy é que os designers não estarão presentes quando o robô enfrentar situações inesperadas. Com Loopy, a abordagem é invertida, seguindo um modelo de baixo para cima, onde a inteligência coletiva surge das experiências acumuladas e da necessidade de adaptação ao ambiente.
Os cientistas da Universidade de Western Virginia, responsáveis pelo projeto, buscam dotar o robô de características mais próximas às naturais, como a busca por condições favoráveis, a aquisição de recursos, a mitigação de ameaças e a navegação por situações imprevistas.
Para isso, o robô precisará cumprir tarefas especificadas por humanos, abrindo espaço para a criatividade surgir na interseção entre a orientação externa e a auto-organização.
Fonte: The Conversation
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